Fatores Humanos em Ambientes Polares
O projeto POLAR SAPIENS
Ambientes polares, como a Antártica, o Ártico e outras regiões remotas de difícil acesso em casos de emergência (a exemplo de montanhas, cavernas e estações espaciais) requerem uma atenção especializada no que tange o gerenciamento de riscos e o comportamento seguro. Isto se deve às repercussões individuais, globais, econômicas e ambientais em casos de acidentes, adoecimentos ou crises (Eventos Indesejáveis – EI) que exijam remoção de pessoas. O contexto promove e/ou agrava a incidência de inúmeros riscos que podem ser minimizados se houver mecanismos de acompanhamento, controle e incentivo ao comportamento seguro. Tais mecanismos devem considerar as ações de exposição ao risco - real ou iminente - em prol da proteção de indivíduos, grupos, equipamentos, instalações, do ambiente propriamente dito e da imagem das instituições e dos países, representados pelas pessoas.
Não se trata de se mas de quando acidentes e adoecimentos ocorrerão. O projeto Polar Sapiens foca no comportamento humano, elemento responsável por mais de 90% destes EI, para reduzir a probabilidade das ocorrências por meio de tecnologia e inovação. É importante notar que, apesar do projeto ter iniciado com foco na Antártica, os dados também podem ser extrapolados para contextos menos complexos, como as plataformas de petróleo e a indústria de construção. Tais ambientes também se configuram como locais Isolados, Confinados e Extremos (ICE).
Laboratório da UFSC
Desde 2014
Livros, eventos e artigos
+10 Membros
7 Expedições
A idealizadora
Paola Barros Delben entrou para o curso de Psicologia com o sonho de um dia trabalhar com astronautas. Durante a graduação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) encontrou a oportunidade de estudar os seres humanos, não no espaço, mas em um ambiente análogo: a Antártica. Ela então submeteu um projeto ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e, ainda durante sua graduação, fez sua primeira viagem à Antártica em 2014. Em uma entrevista ela comentou:
"Foi como pisar em um outro planeta. A gente se “monta” com toda a roupa especial, bota, óculos, é como se estivesse literalmente saindo de uma nave (o navio) e pisando em um solo inexplorado." (entrevista disponível na revista Antártica: o continente gelado)
Desde então, a paixão de Paola pela Antártica só aumentou e ela já participou de sete expedições à Antártica e uma expedição à América do Sul, passando por desertos e montanhas. Ela dedicou seu mestrado e seu doutorado ao estudo do comportamento de risco em ambientes polares, elaborando uma proposta de gerenciamento do comportamento seguro. Recentemente, em agosto de 2019, ela teve a oportunidade de aplicar este mesmo protocolo com guias turísticos nas cidades de Cusco e no deserto do Atacama, que também podem ser considerados ambiente análogos, pois, assim como a Antártica e o espaço, estes são ambientes Isolados, Confinados e Extremos (ICE), com o apoio da agência de viagens Trip Tri, acompanhando a rotina de guias e motoristas de ônibus.
Hoje em dia Paola lidera um grupo de pesquisa interdisciplinar sobre fatores humanos em ambientes polares no laboratório Fator Humano do curso de Psicologia da UFSC, o Polar Sapiens, coordenado pelo prof. Dr. Roberto Moraes Cruz. O grupo expandiu e não é mais restrito à psicologia, com membros formados e graduandos da engenharia química, engenharia de produção, medicina, entre outras áreas. Além disso, não só o escopo de disciplinas aumentou, mas os campos de pesquisa também. Atualmente o grupo tem uma parceria com a Prof. PhD em Psicologia Agnieska Skorupa, da Universidade de Katowice, que faz pesquisas similares no Ártico. Para o futuro, alguns projetos e acordos estão sendo feitos, com planos para pesquisas na Amazônia e no Everest, respectivamente com o Instituto de Psicologia da Aeronáutica e montanhistas experientes no campo.